NOTURNACuradoria: Lucas Simões, Fernando Falcon e Roberta Ferraz
Período: 25 de setembro a 25 de outubro de 2014
Livre para todos os públicos
NotUrna, livro de artista criado por Lucas Simões e Roberta Ferraz, investiga relações possíveis entre identidade/imagem/morte, partindo de um trabalho com fotografias de retratos de túmulos. Esses retratos abriram diversas questões, como: qual o pacto que tecemos com o tempo ( e a morte) através da fotografia? Como nos guardamos/colecionamos no nosso futuro que é ausência? Como e em que nos fazemos durar? A fotografia nos garante um passado de existentes, nos devolve à biografia? Quando olhamos nosso retrato, que fenda se abre? Quem é ali? Que pensamento e sentimento são capazes de perdurar no suporte do retrato? Qual o efeito de um rosto na fotografia?
A partir de imagens fotográficas de retratos tumulares e da escrita de biografias inventadas pelos artistas e por mais de 50 convidados, ensaiou-se uma construção em fragmentos ( com objetos móveis, rearticuláveis) de um grande livro ( uma) contendo em si outros cinco pequenos livros/ objetos. O projeto NotUrna envolve, portanto, acolher esta estas indagações e transformá-las em objetos capazes de fazê-las ecoar, suscitando assim um estendido diálogo a respeito de nossa imagem/morte/identidade.
Cada Livro compreende uma Urna, rememorando uma longa tradição de ritual fúnebre. A urna, em diversas culturas, resgata a imagem do vaso que era usado tanto para conter líquidos como para depósito das cinzas dos mortos, em ocasião em que contavam, os vasos, com desenhos ao redor, imagens pré-fotográficas que ilustravam algo da vida do falecido, de forma simbólica ou alegórica. Este trabalho propõe, portanto, e acima de tudo, mobilizar nossos sentidos e reflexões para a matéria íntima que há entre fotografia e morte.
A Escolha das obras para diálogo, do acervo do Instituto Figueiredo Ferraz, também seguiu esta intenção: a de fazer ecoar em desdobramentos múltiplos a potencia da matéria ausente que o retrato suscita. Ausência que percorre o jogo com o duplo, o mascaramento, a fuga, o esquecimento, o testemunho do corpo morto, assim como o desejo de ritualização, o esforço das permanências e a fabricação da beleza. O efêmero atravessa casa uma destas formas de lidar com a ausência, na exposição do retrato. O efêmero em toda sua força captada por um piscar de olhos. E já não estamos mais aqui, ainda que a imagem no retrato permaneça.