CAVERNAAlice Shintani
Período: 28 de setembro a 14 de dezembro de 2024
Livre para todos os públicos
Concomitante à exposição principal do acervo institucional em curso, CAVERNA ocupa experimentalmente o anexo do Instituto Figueiredo Ferraz em um convite lúdico à imaginação do público, através de uma experiência corporal e imersiva concebida pela artista especificamente para o local.
Durante dez dias, Alice Shintani adotou as paredes do espaço anexo como suporte para a realização de uma pintura monocromática negra em uma escala inédita no Instituto. Cerca de trezentos metros quadrados de superfície foram tomadas pelas peculiares formas enigmáticas da artista, que oscilam na indistinção entre figuração e abstração, seguindo sua estratégia de suspensão de certezas a priori. Sem a instalação de quaisquer outros objetos artísticos no espaço expositivo, com a exceção de um filtro vermelho-fogo na grande janela do espaço, a proposta convida a uma mudança de percepção do visitante no percurso entre as exposições em curso.
A despeito da escala aparentemente monumental e onipotente, como uma leitura apressada poderia sugerir, a experiência em CAVERNA é proposta de forma horizontal e silenciosa, sem imposições a priori, convidando o espectador a uma vivência afetiva e corporal, irreproduzível em imagens.
Segundo a artista, "a chance de realizar uma obra experimental em escala ampliada e propícia a riscos é cada vez mais rara no atual cenário do sistema de arte, fortemente orientado à materialidade de objetos que facilitem sua negociação como mercadoria. Na história de arte, não foram poucos os momentos em que artistas e obras lidaram com essa questão em prol de uma arte ampliada mais livre e experimental, em contato vivo e horizontal com o público. O IFF possui um forte programa educativo em convênio com a prefeitura, que atende anualmente milhares de visitantes oriundos de vários segmentos sociais, como escolas públicas, idosos, CAPS e portadores de necessidades especiais. Considero esta uma oportunidade singular para compartilhar o trabalho com um público mais ampliado e, ao mesmo tempo, em diálogo com o rico acervo da instituição."
Sobre a artista:
Nascida em 1971 e neta de imigrantes japoneses, Alice Shintani é formada em engenharia da computação pela Universidade Estadual de Campinas. Durante a década de 1990, trabalhou ativamente nos primeiros projetos de implantação da Internet no Brasil. Em 2001 migrou para as artes visuais, através de cursos extra-acadêmicos e exposições em salões, galerias e instituições nacionais. Nos anos 2010, passou a acompanhar a reocupação do espaço público pelas ruas de São Paulo. Entre 2014 e 2016, desligou-se completamente do sistema de arte e atuou como vendedora ambulante de doces em feiras livres e praças da cidade em tempo integral. Retornou ao circuito artístico em 2017, quando foi premiada pela feira SP-Arte com uma bolsa de residência na Delfina Foundation em Londres. Posteriormente, foi convidada como artista visitante na Valand Academy em Gotemburgo, e como pesquisadora residente no Hablar En Arte em Madrid e no centenário Hospital Psiquiátrico Juquery em Franco da Rocha. Desde então, Alice tem conduzido propostas artísticas no tensionamento entre espaços públicos, institucionais e mercadológicos. Esteve entre os artistas participantes da 34ª Bienal de São Paulo "Faz escuro mas eu canto (2020-2022), bem como de seu programa itinerante por cidades brasileiras, Santiago (Chile) e Arles (França). Em 2024, participou da mostra "100 Anos de Arte Brasileira", por ocasião da cúpula internacional do G20 no Pavilhão da Bienal; e do programa "Flag Series", a convite da Americas Society, em Nova York.
Seus trabalhos integram coleções institucionais como a LUMA Arles Foundation, Fundação Bienal de São Paulo (Arquivo Wanda Svevo), Palácio do Itamaraty (Governo Federal), Pinacoteca do Estado de São Paulo e Instituto Figueiredo Ferraz.
