AMAZÔNIA - JOÃO FARKASCuradoria: Marcelo Guarnieri
Período: 17 de outubro a 19 de dezembro de 2015
Livre para todos os públicos
Vistas de cima, as ilhas Anavilhanas são manchas verdes longas e sinuosas flutuando sobre um mar de água negra silenciosa e imóvel. O rio, às vezes é simplesmente um fundo escuro para o verde raso denso e vegetal. Sob outro ângulo é um espelho para nuvens e céu, ou então um dourado repicado por onde os raios de sol penetram as retinas. São imagens de sonho e de beleza nos lembrando como herdamos o planeta que cabe a nós preservar.
“Amazônia” é um registro do choque entre esta magia e beleza que queremos perpetuar e a civilização que nos trouxe até aqui. A fronteira entre a utopia natural e as necessidades e ambições humanas. O abismo entre o desassombro dos desbravadores e o fracasso dos que destroem aquilo que conquistam.
Impusemos ao planeta uma ordem que carrega nossas limitações e irracionalidades, destruindo a matriz de uma organicidade abrangente com sua coerência, equilíbrio e inteligência internas.
O mundo natural perde sua dimensão de mistério a ser desvendado e entendido, onde deveríamos aprender a conviver e passa a ser o reflexo de nossos desejos, nosso saber e fazer limitados e nossa incapacidade em produzir um ambiente equilibrado, saudável e de tolerância.
Uma certa nostalgia nos persegue. A revolta contra um progresso destrutivo e predador encontra na preservação da Amazônia uma bandeira óbvia. Povos que destruíram suas florestas desejam que outros não cometam o mesmo desatino. Civilizações que perderam seu equilíbrio, sua simplicidade e sua intimidade com o cosmo, acreditam que a preservação da cultura dos povos da floresta nos garantirá um paradigma de valor inestimável. Sábios e apocalípticos nos apontam miragens ou abismos.
Enquanto isto, um exército de lavradores desamparados, caravanas de pioneiros, levas de gente sem lugar, um enxame de buscadores da riqueza e da autoafirmação, querem o direito de construir seus destinos, de viver suas epopeias no espaço que outros pretendem ver eternamente preservado.
Mostrar e contar estas histórias nos ajuda a compreender quem somos, como espécie e talvez repensar nossas escolhas.
João Farkas