A TELA INSURGENTECuradoria: Antonio Gonçalves Filho
Período: 22 de março a 21 de dezembro de 2025

Livre para todos os públicos
A Tela Insurgente
O termo insurgente se aplica perfeitamente à obsessão que a pintura brasileira tem pelo impulso revolucionário desde os modernistas de 1922. E não só brasileira, evoque-se. Talvez seja conveniente lembrar que a onda de revalorização da pintura após a hegemonia da arte conceitual nos anos 1970 é fruto de uma reação europeia contra a liderança dos Estados Unidos no mercado artístico, após o término da Segunda Guerra Mundial, quando a geopolítica americana acabou por consagrar o país como o centro da arte mundial.
A Europa, num movimento de reação para valorizar sua cultura e resgatar o lugar que lhe era devido, encontrou na própria história da pintura europeia um recomeço nos anos 1980, quando os artistas da chamada transvanguarda italiana e os novos expressionistas alemães dominaram a cena e levaram artistas de todo o mundo a seguir seus passos.
A própria Geração 80, representada na mostra A Tela Insurgente, é um exemplo de como a estratégia europeia contra o predomínio da arte conceitual acabou ecoando nos trópicos. Antes dela, porém, outros inconformistas usaram a pintura para fins insurrecionais, da citada geração modernista, que revisitou o cânone cubista europeu, aos concretos e neoconcretos brasileiros, que levaram adiante as lições da Bauhaus e da Escola de Ulm.
A exposição A Tela Insurgente é uma tentativa de contar a evolução desses movimentos pictóricos brasileiros vinculados às vanguardas internacionais (especialmente da Europa), partido de expoentes do pioneiro Grupo Santa Helena (como Bonadei) até chegar aos contemporâneos estreitamente ligados à tradição europeia (Paulo Pasta, por exemplo).
O Instituto Figueiredo Ferraz abriga um acervo que resume, de alguma forma, a história desse vínculo. Dessa coleção foi escolhida uma centena de pinturas de artistas brasileiros e três vetores da arte europeia (Albers, Max Bill e Sonia Delaunay) que guiam cada um dos três núcleos formadores de A Tela Insurgente.
No primeiro núcleo, Os Veteranos, com 32 artistas, estão agrupados os herdeiros do discurso modernista, além dos concretos, dos seguidores da arte pop e da Nova Figuração.
O segundo núcleo, o da Geração 80, com 8 artistas, reúne nomes ligados à onda neoexpressionista europeia, além de neoconstrutivistas e independentes que desenvolvem pesquisas cromáticas.
Finalmente no terceiro núcleo, com 39 artistas, figuram pintores nascidos após a década de 1970 e que exploram a nova paisagem e a nova figuração, evocando escolas históricas como a de Barbizon.
Antonio Gonçalves Filho
Curador